Guerras do Alecrim e Manjerona é uma ópera joco-séria da autoria de
António José da Silva (O Judeu), apresentada no Teatro do Bairro Alto em 1737.
Trata-se de uma peça escrita em prosa, intercalando textos poéticos. As suas
obras, em geral, rompem com os modelos clássicos, procurando inspirar-se no
espírito e linguagem do povo, em que o canto e a música surgem como elementos
essenciais do espetáculo.
Sendo assim, a intriga desta peça
gira em torno de uma disputa estabelecida entre dois ranchos que têm como
símbolos o Alecrim e a Manjerona. A ação principia em plena época carnavalesca,
colocando em confronto os protagonistas dos dois ranchos. De um lado, D. Fuas,
que pretende assegurar a mão de D. Nise; do outro lado, D. Gilvaz, que deseja
conquistar o coração de D. Clóris. Para tal, os dois fidalgos pelintras contam
com o engenho e a arte do gracioso Semicúpio (criado de D. Gilvaz) para levar a
cabo os seus intentos. Contudo, as sobrinhas do velho avarento D. Lancerote
estão prometidas, pelo menos uma delas, ao primo D. Tibúrcio, um morgado
rústico que pelas maneiras e linguagem não colhe os favores das pretendentes.
Entre encontros e desencontros amorosos, a peça vai-se desenrolando em palco,
cheia de graça e humor, até terminar com um inesperado final feliz, cujas
personagens Sevadilha (criada de D. Lancerote) e Semicúpio assumem um papel
crucial na condução dos acontecimentos e desfecho das relações, já que também
elas são movidas por interesses amorosos.
Numa época em que o teatro popular assume uma importância relevante no
contexto da crítica social, o texto de António José da Silva pretende denunciar
acima de tudo o namoro convencional tão comum praticado no seio das classes
superiores (a nobreza e fidalguia decadente), assim como a medicina balofa,
carregada de preciosismos latinos e linguagem oca, para além dos vícios e
costumes das donzelas e cavalheiros que viam no casamento por interesse uma
forma de assegurar a sua sobrevivência. Através de um discurso marcadamente
irónico com forte pendor crítico, a peça exibi magistralmente algumas virtudes
e defeitos das suas personagens, expondo a ridículo o seu comportamento imoral,
com destaque para situações em que o ser e o parecer servem de pretexto para
desencadear o cómico e o riso no espectador.
É neste ambiente de farsa,
repleto de jogos de engano, disfarce e mal-entendidos, que esta comédia
adaptada a partir do texto original do autor sobe ao palco sob a
responsabilidade da Nova Comédia Bracarense, procurando uma vez mais, no seu
repertório já tão vasto, ir ao encontro do teatro sob a influência da Commedia dell’arte, não só para
homenagear um dos vultos maiores da dramaturgia portuguesa, mas também
recuperar a melhor tradição do Teatro barroco.
Encenador: José Manuel Barros
Encenador: José Manuel Barros
D. Gilvaz………Agostinho Couto
D.Fuas…………António Pimentel
D. Tibúrcio…..Diamantino Esperança
D. Lancerote………Vasco Oliveira
Sevadilha….........Helena Machado
Semicúpio……………Joshua Swift
D. Clóris…………………Helena Guimarães
D. Nise….Rita Pereira/ Sofia Tenreiro
Luz e Som…………Francisca Barbosa
Direção
artística……………Carlos Barbosa
Encenação………José
Manuel Barros
Figurinos……………Goreti
Abreu
Produção……………NCB 2017